”Eu vim a este mundo, com uma determinação, vim com ordem Suprema, cumprir uma missão"Trecho de Salmo da Madrinha Chica

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O Mar tá pra peixe

Queridos amigos, irmãos, romeiros, companheiros, enfim, todos aqueles que nos querem bem... Convidamos para nossa confraternização beneficente: "O Mar está pra peixe!", um almoço dançante! O prato: paella e bobó de camarão, entre outras gostosuras vendidas no dia. Será na véspera do dia de nossa padroeira: dia 11 de outubro! Convites à venda na nossa casa e com os irmãos.

domingo, 20 de julho de 2014

Jornal Grande Bahia | Juarez Duarte Bomfim | Publicado em 20/07/2014

As Obras de Caridade, iniciadas lá no ano de 1945 pelo Mestre Daniel, tiveram
continuidade sob o comando zeloso do presidente Antônio Geraldo, um bom conselheiro.

Antônio Geraldo da Silva chegou a Rio Branco – Acre em 30 de junho de 1944, na condição de soldado da borracha. Por ser arrimo de família e pela forte oposição materna de enviar seu filho à guerra, foi poupado de lutar nos campos de batalha italianos.

O Brasil havia entrado na 2ª Guerra Mundial ao lado dos Aliados e jovens brasileiros eram recrutados para lutar na Itália. Um outro contingente de alistados — geralmente nordestinos — foi enviado pelo governo a Amazônia, para participar do esforço de guerra de suprir os americanos de borracha vegetal para a indústria civil e bélica.

Os soldados da borracha escapavam da violência e morte da II Guerra Mundial, mas não se livravam de doenças como a malária e do tratamento brutal e desumano perpetrados pelos seringalistas contra os seringueiros.

Inicialmente, Antônio Geraldo trabalhou como oleiro, depois foi enviado aos seringais. Adoeceu, retornou à cidade. Trabalhou novamente como oleiro. Passou inúmeras dificuldades materiais com desempregos frequentes e doenças como o impaludismo.

Eu tinha um Barquinho
Que navegava sem ter direção
Navegava num rio muito caudaloso
Chamava-se Rio Ilusão.

Com o falecimento da mãe, Maria Fernandes da Silva, abandonou o sonho de voltar a residir no Rio Grande do Norte. Músico violeiro, caiu na seresta e na boemia do bairro do Papôco — baixo meretrício da Cidade de Rio Branco – Acre. Bebia muito.

Eu fiquei desprezado
Chorando sem consolação
Fiquei sem Papai
Fiquei sem Mamãe
Fiquei sem meus irmãos.

No ano de 1948 casou-se com Antônia Ferreira da Silva. Órfã de pai e mãe, Antônia trabalhou como empregada doméstica até a época do seu matrimônio. Tiveram nove filhos. Dona Antônia ajudava no orçamento familiar exercendo a atividade de lavadeira.

Antônio Geraldo narra como conheceu o Mestre Daniel Pereira de Mattos, em junho de 1955:

— Conheci o Daniel por intermédio da Antônia. Ela conhecia o Daniel desde o tempo de moça. Eu não o conhecia, não sabia quem ele era. Então adoeceu o irmão da Antônia, o mais velho. Aí tive que ir com ela atrás de recurso para o irmão. Foi aí que conheci o Daniel. Quando chegamos na casa dele, ele nos recebeu muito bem. Ele fez o atendimento e eu fiquei de buscar a resposta do trabalho e o remédio que ele ia fazer pro irmão dela, num domingo. Então, chegou o domingo e vim atrás do resultado que ele ia preparar. Quando lá cheguei, ele disse que o irmão dela não tinha cura, só se Deus o permitisse. Em verdade nós tínhamos chegado muito tarde. A doença dele era sífilis que ele tinha arranjado de uma mulher. De fato o irmão dela não tinha cura mesmo.

Daniel convidou Antônio Geraldo para retornar no dia seguinte, pois tinha um assunto com ele. Antônio confirmou que iria. Mas, intimamente pensou: “venho uma desgraça que eu venho!”.

Já no dia subsequente:

— Quando cheguei do serviço a Antônia já tinha arrumado a roupa para eu ir lá no Daniel. O dia de eu voltar lá no Daniel era aquele. Eu cheguei por ali como quem não quer nada e ela disse assim:
— Rapaz, você não vai lá no Daniel? Ele não disse que tinha um negócio com você?
Desconfiado e vacilante, Antônio Geraldo responde:

— Eu mesmo não vou não!

Antônia insiste:

— Rapaz, você não disse pro homem que ia? Como é que você agora diz que não vai?

Com a insistência da esposa, e para não brigar com ela, Antônio Geraldo bolou um plano, em pensamento: “eu digo que vou e vou pro Papôco. Quando for mais ou menos lá para as nove, dez horas, eu venho pra casa e digo que fui”.

Respondeu para a mulher:

— Eu vou!

Vestiu a roupa e saiu de casa com a intenção de ir ao meretrício. No caminho, duas vozes contrárias falavam ao seu ouvido. Parecia que tinha um espírito bom e um espírito ruim o acompanhando, pensou.

A primeira voz lhe dizia: “Mas rapaz, como é que você vai mentir para a sua mulher sem necessidade? Tamanho homem! Rapaz, só porque o homem convidou para ir lá? Isso é papel de um homem?”

Mudava de rumo, em direção à Vila Ivonete. Um pouco mais à frente, a segunda voz o dissuadia. E trocava de rota, em direção ao Papôco. Foi assim nesta peleja até quando deu por si e já estava no terreiro de Daniel.

Antônio Geraldo chegou, parou diante a Capelinha de São Francisco, com uma Cruz de madeira em frente. Entrou.

— A Capela era pequenininha, tinha muita imagem de santo e era cheia de coisa. Uma vela acesa aqui, outra ali. Aí olhei para o Daniel, aquele homem preto escuro.

Preconceituoso, pensou: “agora apareceu um macumbeiro de verdade!”

A desconfiança e a imagem negativa que ele tinha do Mestre Daniel foi se desfazendo quando este lhe fez três perguntas: se amava a Deus, se tinha medo e se Antônio queria ver toda a sua vida.

Com respostas afirmativas de Antônio, na Santa Luz do Daime Daniel percebeu o seu valor e reconheceu nele um dos irmãos amigos a quem confiar a continuidade da Missão. Antônio Geraldo se tornou discípulo do Mestre.

Quando do desencarne do Fundador, em 8 de setembro de 1958, após breve crise sucessória em que os trabalhos estiveram suspensos por dois meses, os membros da Capelinha de São Francisco se reuniram e foram à casa de Antônio Geraldo da Silva convidá-lo a assumir a presidência. Antônio inicialmente vacilou em aceitar tamanha responsabilidade:

— Rapaz… Eu acho que não vou assumir esse compromisso, porque acho que não tenho a capacidade para isso. Eu vi o que foi que Daniel sozinho passou aí dentro desse compromisso. O sofrimento que ele teve, ele sozinho. E eu tenho uma mulher e oito filhos pequenos para dar de comer.

Porém, a estrela que o guiava e irradiava — o santo missionário Bispo Dom Policarpo — baixou, lhe orientando e motivando a seguir adiante, na Missão de Daniel.

Dessa maneira, Antônio Geraldo da Silva foi empossado na direção deste lindo Culto de Oração em 20 de janeiro de 1959, Dia do Soldado Guerreiro Mártir Senhor São Sebastião.

Seguindo os passos do seu Mestre, firmou um compromisso de não se afastar das dependências do Centro por dez anos. Chegou a despertar a atenção das autoridades eclesiásticas da Cidade de Rio Branco quando, em 30 de novembro de 1969, recebeu uma visita de integrantes da Ordem dos Servos de Maria, que o consideraram um “prisioneiro” — um preso voluntário por questões de ordem espiritual, necessária para cumprir o compromisso através do sacrifício.

Praticou a caridade e viveu da caridade. Habilidoso em mexer com aparelhos de rádio, fez um curso por correspondência e se tornou técnico em rádio e televisão, atividade profissional que exerceu no restante da sua vida em matéria, ajudando a sustentar a sua família.

A sua gestão a frente da Capelinha de São Francisco foi de institucionalização da Doutrina e de importantes empreendimentos feitos por esta laboriosa comunidade religiosa.

Ao longo das décadas de 1960 e 1970 foi concluída a nova igreja em alvenaria e o conjunto de edificações que constituem a arquitetura do Centro e a simbologia da Missão.

O período de gestão do irmão Antônio Geraldo foi também de inúmeras perseguições a Doutrina e profanações do Templo, que serviram como provação para os irmãos firmarem a fé e a continuidade desta Missão de Luz, cumprindo assim as palavras de Cristo: “se alguém quiser ser Meu discípulo, tome a sua cruz e me siga”.

Este foi um tempo de realizações não só materiais, mas principalmente ritualística e doutrinária. Na Santa Luz do Daime, o presidente Antônio Geraldo foi recebendo orientação espiritual do Mestre Daniel do que deveria ser feito para organizar os ritos doutrinários.

Novos salmos e hinos foram trazidos espiritualmente pelo Fundador. Em meados da década de 1970 o Livro Azul (Livro do Hinário) estava composto de 446 hinos.

As Obras de Caridade, iniciadas lá no ano de 1945 pelo Mestre Daniel, tiveram continuidade sob o comando zeloso do presidente Antônio Geraldo, um bom conselheiro. Ele era responsável pelos atendimentos espirituais no Altar da Igreja e pela distribuição do Daime. Com sua melodiosa voz entoava os salmos sagrados durante o Culto Santo.

Na sua gestão foi edificado o Salão de Bailado e instituído esse festejo, com a formação do Conjunto Santa Fé (banda musical).

Fala Antônio Geraldo da Silva:
— Eu via dentro da miração um barquinho navegando no mar. Do mesmo jeito que ele está ali, naquele formato (o Coreto com o Barquinho no topo), todo enfeitado, como depois eu construí. O Barquinho era para a gente ter o bailado.

Outra importante realização foi a criação e o estabelecimento do fardamento, com a simbologia da Missão, bordada à mão. A primeira responsável pelo bordado das fardas foi a irmã Francisca Campos do Nascimento (Dona Chica Gabriel). No seu exíguo tempo livre, o presidente Antônio Geraldo sentava ao seu lado, pegava da linha e agulha e ajudava na lida.

Passados 18 anos, Antônio Geraldo da Silva recebeu uma nova missão, a de fundar o Centro Espirita Daniel Pereira de Matos, em homenagem ao Fundador, e dai prosseguir com os trabalhos espirituais. A abertura do novo Centro ocorreu no dia 20 de janeiro de 1979 — dia do Mártir São Sebastião.

Eu com a fé pura
Que tive em meu coração
Pedi a Jesus
E a Virgem Santíssima
Que me desse outra embarcação.

Origem do nome Barquinha

Para abrir o Culto Santo no templo recém-edificado, o Mestre Conselheiro Antônio Geraldo da Silva contou com o apoio do irmão amigo Sebastião Mota de Melo (Padrinho Sebastião), que lhe forneceu os primeiros litros de Daime, após receber uma carta sua.

Depoimento de José Carlos Bezerra da Silva, presidente do Centro Espírita São Francisco de Assis, em Plácido de Castro – Acre:

— Esta carta foi entregue em minhas mãos e de seu filho Solerne Geraldo da Silva, e então fomos à Colônia Cinco Mil entregar a carta, e ao ler, Sebastião Motta nos entregou uma frasqueira de Daime e disse: “Diga a Antônio Geraldo que se ele precisar de mais pode mandar buscar”.

Eu sentado na margem
Do rio chamado Ilusão
Avistei uma Barquinha
Que vinha correndo
Rumo a minha direção.

Com auxilio de familiares e amigos, Antônio Geraldo, constrói uma igrejinha de madeira e um Salão de Bailado coberto de lona. Logo na primeira festa realizada, uma grande chuva derruba aquele salão improvisado. O dirigente não esmorece:

— Vamos fazer um Barquinho de verdade!

O Salão de Bailado (Parque) foi construído em formato de um Barco, e a partir daí surgiu o nome Barquinha, “pois como a capela ainda não possuía um nome, um título, então todos passaram a chamar de Barquinha” — afirma José Carlos Bezerra da Silva.

Eu me aproximei da Barquinha
Com alegria em meu coração
Nela vinha um bondoso velhinho
Ele entregou-me a Barquinha
E me deu muita explicação

O jornalista e escritor Silvio Martinello residia próximo ao Centro Espírita Daniel Pereira de Matos, lá na Vila Ivonete Nas suas crônicas narrando o cotidiano de seu bairro e da sua cidade, ele sempre se referia a “Barquinha”, especialmente nas noites de festas, quando a música comemorativa irradiada daquela casa Espírita varava as noites rio-branquenses. Isso popularizou o nome “Barquinha”, que os antropólogos passaram a associar a esta linha espiritual ayahuasqueira fundada por Mestre Daniel Pereira de Mattos em 1945, ano de início da Missão.

Este bondoso velhinho
Que trouxe esta embarcação
Foi o Nosso Presidente
Que trabalhou doze anos
Entre todos os meus irmãos.

Depoimento de Antônio Geraldo Da Silva Filho, herdeiro espiritual do Mestre Conselheiro:

— “Assim, passados 18 anos, ele recebeu uma nova missão, a de fundar outro Centro, o qual atribuiu o nome de Centro Espirita Daniel Pereira de Matos, em homenagem ao Fundador da Barquinha e dai prosseguiu com essa nova missão. A abertura do Centro Espírita Daniel Pereira de Matos foi no dia 20 de janeiro de 1979 e daí comandou esse Centro até julho de 2000, quando faleceu, deixando um legado de mais de 300 hinos que são cantados na Igreja e mais de 700 hinos para as festas com bailado, quando as entidades que passaram os hinos vêm para bailar. Esses hinos foram todos recebidos entre os anos 1979 e 2000. O Mestre Antônio Geraldo cumpriu sua missão até o fim, prova disso são os mais de 1000 hinos que recebeu. Um legado de mensagens de profundo conhecimento que só quem aprende a meditar, contemplar, buscar fundo mesmo, consegue compreender a grandeza que são esses ensinamentos”.

Este Marinheiro de Luz, Mestre Conselheiro Antônio Geraldo da Silva, faleceu aqui em matéria e renasceu no mundo espiritual em 28 de julho de 2000.

Lá da eternidade, inspira e orienta a irmandade da sua Barquinha a prosseguir na linda viagem sobre as ondas do Mar Sagrado, recolhendo almas penitentes para entrega-las nos Santos Pés de Jesus.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Centenário de Francisco Gabriel do Nascimento, servo de Jesus

Por Juarez Duarte Bomfim - 02.07.2015

Francisco Gabriel do Nascimento
O padrinho Chico Gabriel é um exemplo de zeloso patriarca, líder comunitário, soldado dos exércitos de Jesus.

Patriarca de uma laboriosa e ordeira família, Francisco Gabriel do Nascimento (seu Chico Gabriel) é um dos poucos remanescentes ainda encarnados contemporâneos do Mestre Daniel Pereira de Mattos, o Frei Daniel, fundador do Centro Espírita e Culto de Oração “Casa de Jesus — Fonte de Luz” (Rio Branco-Acre), linha espiritual carinhosamente apelidada de “Barquinha”.

Seu Chico Gabriel é um dos muitos nordestinos que migraram para a Amazônia nos ciclos da borracha e formaram a civilização acreana. Paraibano de Brejo do Cruz, uma das suas maiores diversões sempre foi contar causos e sagas de sua infância e juventude sertaneja.

A idade provecta do Padrinho Chico Gabriel (03.07.1914) o torna uma testemunha privilegiada do comecinho desta linda Missão de Luz, pois conheceu o Mestre Daniel quando este ainda construía uma pequena capela voltada para o nascente, medindo mais ou menos 3X5, uma construção rústica de taipa e paus roliços, coberta de palha, que consagrou a São Francisco das Chagas.

Foi assim: Chico Gabriel migrou para Rio Branco – Acre ao lado de um amigo e compadre de nome Luiz. Não tendo onde morar, se hospedara na casa deste amigo. Certa noite, ele conta que, já deitado, ouviu uma maviosa música de serenata e logo depois bateram à porta.

— Luiz!

— Quem é?

— É Daniel.

O compadre Luiz abriu a porta e saiu para o terreiro a conversar com o visitante, o qual ele chamava de Mestre. Ao término da reunião, Daniel falou para o amigo:

— Luiz, quinta-feira vá lá em casa. Estou te esperando.

Despediu-se e foi embora. Nesta época, pessoas humildes com problemas de saúde, dor de dente, espinhela caída, dificuldades familiares e alcoolismo recorriam a Daniel em busca de ajuda. O encontravam sentado num banquinho, lenço branco amarrado na cabeça, com quatro nós dados nas pontas, pronto para atender, conversar, aconselhar, ensinar remédio caseiro, banho de ervas… Dele recebiam uma palavra amiga, um conforto e a cura através do Santo Daime.

No dia combinado o amigo Luiz convidou Chico Gabriel:

— Vamos lá na casa do Mestre Daniel!

— Vamos!

Chico Gabriel conta que nesta primeira visita estavam começando a construção da igrejinha, bem pequena e simples. Após a entrevista do amigo Luiz com Daniel, o Luiz lhe perguntou:
— Quer conversar com o Mestre?

— Eu quase não tenho o que falar…

Mas mesmo assim foi lá conversar com o Mestre. Quando aqui em vida de matéria, manifestando os seus dons de vidência, Daniel costumava dizer para as pessoas:

— Eu sei quem você é e o que está sentindo. Sei o que veio à procura.

Então, o “preto-velho que adivinha” da Vila Ivonete relatava para o consulente quem ele era e o que queria.

— Salve Mestre!

— Salve! Você é Francisco Gabriel?

— Sim.

— Você é uma boa pessoa.

— Eu não sei Mestre. Deus é quem sabe.

— Você está metido numa caminhada perigosa.

Chico Gabriel prontamente negou… O que levou Daniel a reagir:

— Então sou um mentiroso?

— Não senhor… Mestre, quem tem culpa nunca confessa.

O Mestre Daniel falou de um conturbado envolvimento afetivo que Chico Gabriel tinha com uma mulher, e lhe disse que esta relação poderia lhe trazer sérios problemas. Falou também de tudo que se passava com ele. Seguindo os conselhos do seu futuro padrinho e mestre, ele deixou o “negócio” com a tal mulher.

Passaram-se dez anos… foi quando Chico Gabriel conheceu a jovem Francisca Campos. Órfã de pai e mãe, muito pobre e desvalida, a dona Chiquinha lhe contou como era a sua vida de dificuldades e sofrimento, chorando. Compadecido daquela jovenzinha, para consolá-la Chico Gabriel a pediu em casamento, brincando. Mas a pretendente levou a sério.

Passado alguns dias, a suposta noiva de Chico Gabriel lhe comunicou que precisava viajar para a Cidade de Humaitá, no Estado do Amazonas, e lhe pediu permissão.

Foi com alivio que ele autorizou a viagem da nubente, pensando consigo: “que bom… Dessa estou livre”…

Porém, quando dona Chiquinha retornou da viagem e o procurou, Chico Gabriel não pode rejeitá-la. “Não queria fazer uma desfeita”, diz.

Neste momento ele recebeu da Santíssima Rainha uma Rosa Menina, uma Rosa Encantada, cujo amor cultiva em seu peito há mais de seis décadas de vida marital.

Após o parto do seu terceiro filho, Chica Gabriel adoeceu gravemente. Desenganada pelos médicos, seu marido Chico Gabriel a levou para conhecer e se consultar com Daniel Pereira de Mattos — o Frei Daniel. Deste memorável encontro firmou-se um compromisso deste mundo à eternidade, quando seu Chico e dona Chica se tornaram trabalhadores daquela casa espírita, prestando obras de caridade.

Na manhã de domingo de 20 de maio de 1957 dá-se inicio a sua cura e o pacto por ela assumido de que “se ficasse boa continuaria naquela casa, naquela igreja, até o dia que Deus permitisse”.

Já curada, a Madrinha Chica Gabriel vem cumprindo o compromisso assumido de prosseguir a Missão do Mestre Daniel Pereira de Mattos.

Esposo e esposa prestaram obras de caridade naquela Casa de Luz durante quatro décadas, ao lado do Fundador, Frei Daniel, dos presidentes Antônio Geraldo da Silva, Manuel Hipólito de Araújo e de toda a irmandade.

Até que em 23 de novembro de 1991, com a ajuda de uns poucos irmãos, a Madrinha Chica e o seu cônjuge fundaram o Centro Espírita Obras de Caridade Príncipe Espadarte, dando continuidade a Missão de Daniel.

Foi o Padrinho Chico Gabriel — ao lado do filho mais velho Antônio — quem edificou a humilde casinha onde os trabalhos deste Centro Espírita se iniciaram. Casa de Jesus e da Virgem da Conceição consagrada ao Senhor São Francisco das Chagas.

O Padrinho Chico Gabriel é também um bom rezador, na tradição religiosa amazonense. Seguindo os passos do seu Mestre, quando a saúde e a idade permitiam rezava em adultos e principalmente em crianças, prestando obras de caridade.

Devoto do Senhor São Francisco das Chagas, quando a doença dos olhos se agravou aumentou a sua fé em Santa Luzia, cujo salmo muito aprecia.

Na Barra do Jordão, Deus Jesus encontrou
Um cego de guia
Que vinha guiado por sua filhinha
Jesus perguntou: para onde seguiam
— Senhor vou levando meu pai a Belém
Para ser curado por Jesus Messias.

A cirurgia de catarata que este simpático casal de velhinhos realizou em 2012 — cuidando dos seus olhos — lhes restituiu a boa visão e, como por mágica, os rejuvenesceram.

O padrinho Chico Gabriel é um exemplo de zeloso patriarca, líder comunitário, soldado dos exércitos de Jesus. Benzedor, sempre tem uma benção, um conforto, uma palavra amiga para aqueles que lhe procuram.

Companheiro inseparável da Irmã de Caridade, Madrinha Francisca Campos do Nascimento, como se fosse sua alma gêmea, o Padrinho Chico Gabriel plantou e semeou 10 filhos, inúmeros netos, bisnetos e tataranetos.

Servo de Jesus, Francisco Gabriel do Nascimento dá continuidade ao compromisso familiar assumido de prosseguir a Missão de Frei Daniel e dos Santos Missionários do Barquinho Santa Cruz, singrando os mares sagrados, recolhendo as almas penitentes e as entregando aos Santos Pés de Jesus.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Câmara Temática presta homenagem a Irmã de Caridade

A Câmara Temática de Culturas Ayahuasqueiras prestou uma homenagem a Madrinha Chica, Francisca Campos do Nascimento (Irmã de Caridade) pela passagem de seu aniversário de 80 anos celebrado na noite de sábado, 07.06.2014.
A placa de felicitações e agradecimento entregue pelo Articulador suplente da CT, Thiago Silva.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

80 anos da Madrinha Francisca

Mensagem de felicitações dos irmãos da filial de Niteroi (RJ), pelo aniversário de 80 anos da Madrinha Chica que será comemorado amanhã, dia 07, na sede do Centro em Rio Branco (AC). Leiam aqui: Barquinha Rio

sábado, 3 de maio de 2014

Ayahuasca - Patrimônio Imaterial

O ministro Gilberto Gil, da Cultura, recebeu ontem, no Centro de Iluminação Cirstã Luz Universal - Alto Santo, fundado pelo mestre Raimundo Irineu Serra em Rio Branco (AC), o documento no qual representantes dos centros que integram os três troncos fundadores das doutrinas ayahuasqueiras solicitam que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) instaure o processo de reconhecimento do uso da ayahuasca em rituais religiosos como patrimônio imaterial da cultura brasileira.
Gilberto Gil recebe documento em defesa de ritual como patrimônio cultural brasileiro
O pedido está endossado pelo governador do Acre Binho Marques (PT), pelo deputado Edvaldo Magalhães (PC do B), presidente da Assembléia Legislativa, além da deputada federal Perpétua Almeida (PC do B), articuladora do projeto de reconhecimento do uso ritual da ayahuasca.

Segundo o governador, "é muito fácil construir prédios, mas é muito difícil construir uma fortaleza cultural como esta".

- É a nossa reserva moral, a nossa fonte de sabedoria. Eu mesmo, em momentos de descrença, de não ter mais esperança no futuro, foi aqui que encontrei sabedoria e iluminação e muita crença no futuro. Perenizar essa sabedoria, essa cultura e essa iluminação é importante para o Acre. O Acre agradece. Mas eu tenho certeza que o Brasil vai agradecer, não só o Acre - afirmou Binho Marques.

Gilberto Gil espera que o Iphan, órgão do Ministério da Cultura, "examine com todo zelo, carinho e responsabilidade" a solicitação.

- Espero que nós possamos celebrar em breve o registro do ayahuasca como patrimônio cultural da nação brasileira - disse o ministro.

Binho Marques, Gilberto Gil e assessores foram recebidos pela viúva de Irineu Serra, dona Peregrina Gomes Serra, dignatária do Ciclu-Alto Santo.

VÍDEOS
Discursos do governador e do ministro.

Historiador Marcos Vinícius, presidente da Fundação Municipal de Cultura, faz a leitura de uma mensagem pessoal e do documento entregue ao ministro.

"Excelentíssimo Senhor
Gilberto Passos Gil Moreira
Ministro da Cultura da República Federativa do Brasil


Ayahuasca é um termo de origem Quéchua, que significa “vinho das almas”, e é utilizado para designar o chá feito pela cocção de duas plantas originárias da floresta amazônica: o cipó Jagube ou mariri (Banisteriopsis Caapi) e as folhas da Rainha ou Chacrona (Psychotria Viridis). Este chá serviu como base para o estabelecimento de diferentes tradições espirituais por comunidades indígenas em uma vasta região que compreende diversos paises amazônicos (Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, etc.), tradições mágico/culturais que se consolidaram na grande floresta amazônica durante os últimos dois mil anos, pelo menos, e exerceram influências importantes, inclusive sobre sociedades complexas da região andina, como a civilização Inca, por exemplo.

Mais recentemente, nos primeiros anos do século XX, na Amazônia Ocidental (atuais estados do Acre e de Rondônia, na fronteira com o Peru e a Bolívia), a formação da sociedade extrativista da borracha - que a exemplo dos povos indígenas amazônicos – tinha como marca fundamental uma enorme multiplicidade étnica e cultural, estabeleceu as condições necessárias para que a milenar tradição indígena da Ayahuasca fosse assimilada por brasileiros e desse origem a uma nova configuração religiosa, cultural e social. Assim, Raimundo Irineu Serra e Daniel Pereira Mattos (ambos negros maranhenses, descendentes de escravos) fundaram entre 1910 e 1945 uma doutrina religiosa que rebatizou a Ayahuasca com o nome de “Daime”. Algum tempo depois, na década de 60, o baiano José Gabriel da Costa formulou uma outra doutrina que passou a chamar a Ayahuasca de “Vegetal”.

Porém, mais importante do que apenas designar novos nomes, a atuação destes três mestres fundadores - Irineu, Daniel e Gabriel – estabeleceu as bases doutrinárias de uma nova tradição religiosa, sincreticamente brasileira e tipicamente amazônica, que possibilitou a formação de comunidades organizadas em torno do uso ritual da Ayahuasca e que passaram a ter importante papel (político, social e cultural) na própria formação da sociedade brasileira na Amazônia Ocidental.

O conhecimento espiritual destas doutrinas tem sido transmitido de geração a geração e mantido por diversas tradições culturais através de um sincretismo religioso caracteristicamente amazônico, o que implica numa relação essencialmente harmônica com a natureza e estabelece um sentimento de identidade e continuidade, garantindo assim o respeito à diversidade étnico-cultural e à criatividade humana.

Com isso as Doutrinas do Daime/Vegetal, como estabelecidas por seus mestres fundadores, tornaram-se partes indissociáveis da sociedade brasileira, podendo assim receber o reconhecimento como patrimônio cultural de nosso país.

Com base nas informações acima relacionadas podemos afirmar que a utilização ritual da Ayahuasca em doutrinas religiosas preenche os quesitos que a caracterizam como patrimônio imaterial, considerado como “práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que comunidades ou grupos reconhecem como parte integrante do seu patrimônio cultural.”

Em atenção aos ditames da Resolução nº 1, de 3 de agosto de 2006, expedida pelo Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), os representantes responsáveis pelas Fundações Culturais do Estado do Acre e do Município de Rio Branco, a partir do diálogo com os centros que integram os três troncos fundadores das contemporâneas doutrinas Ayahuasqueiras, solicitam ao Senhor Ministro da Cultura que, através do Iphan, instaure o processo de reconhecimento do uso da Ayahuasca em rituais religiosos como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira.

Rio Branco, 30 de abril de 2008.

Daniel (Zen) Santana de Queiroz
Presidente da Fundação Elias Mansour
Estado do Acre

Marcos Vinicius Neves
Diretor-presidente da Fundação Garibaldi Brasil
Município de Rio Branco

Peregrina Gomes Serra
Centro de Iluminação Cristã Luz Universal-CICLU – Alto Santo

Francisco Hipólito de Araújo Neto
Centro Espírita e Culto de Oração “Casa de Jesus – Fonte de Luz”

José Roberto da Silva Barbosa
Centro Espírita Beneficente União do Vegetal - UDV

Jair Facundes de Oliveira
Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - CICLU"

Fontes:  
A Família Juramidam Blog do Altino Machado.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

FEM divulga resultado do edital Cultura e Comunidade 2013

Por Rose Farias em 11/04/2014 - 5:11 PM

A Fundação Elias Mansour (FEM) divulga a relação dos projetos pré-selecionados no edital de Cultura e Comunidade Grupos e Pessoas 2013. Os projetos contemplados serão custeados com recursos do governo do Estado, por intermédio do Programa Estadual de Cultura Precult), por meio o Fundo Estadual de Cultura (FunCultura), e os investimentos chegam a R$1 milhão.

O edital recebeu 365 propostas de 22 municípios do Estado. Desse total, foram aprovados 81 projetos, de 19 municípios, voltados para modalidades como pesquisa, leitura, festivais de teatro e dança, casas de memórias, culturas afro, música (formação, evento e produção de Cd), patrimônio histórico, audiovisual e publicação.

Os proponentes não contemplados podem solicitar pedido de reavaliação no prazo de três dias úteis a partir do resultado publicado no Diário Oficial.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Prorrogado prazo para a entrega de projetos - Edital 2014 da Lei Municipal de Incentivos

A Comissão Executiva de Cultura do CMPC, em reunião realizada nesta data, decidiu pela prorrogação do prazo de entrega de projetos ao Edital 2014 da Lei Municipal de Incentivos à Cultura, conforme abaixo:

PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO BRANCO
FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA GARIBALDI BRASIL
CONSELHO MUNICIPAL DE POLÍTICAS CULTURAIS - CMPC


A Prefeitura Municipal de Rio Branco, através da Fundação Municipal de Cultura Garibaldi Brasil – FGB, por seu Diretor Presidente, Rodrigo Cunha Forneck, no uso das atribuições legais que lhe confere o Decreto nº 019/2013 de 02/01/2013 e o Conselho Municipal de Políticas Culturais, através da Comissão Executiva de Cultura, tornam público o novo Cronograma do Edital 2014 da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, ao Desporto, Preservação e Manutenção do Patrimônio Histórico e Cultural de Rio Branco – Lei 1.324/99, de acordo com reunião da Comissão Executiva de Cultura, realizada em 19 de março de 2014, considerando o período de alagação que a sede da FGB sofreu prejudicando o acesso dos conselheiros a mesma.

Novo Cronograma
Prazo para apresentação de prestação de contas parcial ou total de projetos aprovados nos Editais 2013 da FGB
04/04 (sexta-feira)
Prazo para cadastramento no Cadastro Cultural do Município de Rio Branco - CCM
07/04 (segunda-feira)
Fim do Prazo de Inscrição de Projetos
09/04 (quarta-feira)
Período de conferência e distribuição dos envelopes lacrados com os Projetos Inscritos - pelo Departamento de Fomento e Financiamento. 
10/04 (quinta-feira)
Entrega dos Projetos a Comissão de Avaliação e Aprovação de Projetos, pelo Departamento de Fomento e Financiamento. 
11/04 (sexta-feira)
Período de Avaliação dos Projetos Inscritos, pela Comissão de Avaliação e Aprovação de Projetos.
11/04 (sexta-feira) à
09/05 (sexta-feira)
Envio e Divulgação do RANKING para o Diário Oficial do Estado - DOE
12/05 (segunda-feira)
Período para Interposição de Recurso dois (2) dias úteis
13 e 14/05 (terça e quarta-feira)
Prazo para Análise e Respostas aos Pedidos de Interposição de Recurso (2) dois dias úteis
15 e 16/05 (quinta e sexta-feira)
Período para Apresentação da Documentação Complementar Obrigatória para Acesso ao Recurso 03 (três) dias úteis
19 a 21/05 (segunda a quarta-feira)
Publicação do Resultado Final no Diário Oficial do Estado - DOE
22/05 (quinta-feira)
Diplomação dos Projetos Aprovados
23/05 (sexta-feira)
Somente os itens 1.1, 2.1, 7, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.6, 13.1 e 28 do Edital sofreram alterações descritas no Cronograma acima, os demais itens mantém sua redação inicial.

Rio Branco 19 de março de 2014.

Rodrigo Cunha Forneck – Diretor Presidente

terça-feira, 18 de março de 2014

USP de Ribeirão Preto pesquisa uso do chá de Santo Daime contra a depressão

Matéria interessante, embora contenha alguns equívocos.

SÃO PAULO - Duas mulheres, com problemas crônicos de depressão e que não respondiam bem ao tratamento convencional, foram as primeiras pacientes voluntárias de um estudo que vai testar a eficácia da ayahuasca - uma poção feita com o cipó Jagube e com a folha do arbusto Rainha, utilizada pelos adeptos do Santo Daime. O estudo que acompanhará, inicialmente, outros seis pacientes, é coordenado pelo professor Jaime Eduardo Cecílio Hallak, do departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, segundo reportagem do jornal A Cidade.

Depois desse estudo com oito voluntários, vamos propor ao comitê de ética a ampliação até 60 pacientes. Os resultados com os dois primeiros casos foram fabulosos - garante Hallak.

O professor conta que as pacientes chegaram tristes, deprimidas, sem iniciativa, desanimadas, sem apetite e com insônia.

Demos a ayahuasca e elas ficaram em observação no hospital durante três dias, por questão de segurança.

O pesquisador conta que depois de tomarem a ayahuasca, as pacientes tiveram visões semelhantes às relatadas pelos usuários do Santo Daime. E também sensações e pensamentos de bem-estar. Essas visões e sensações duraram de 40 minutos a uma hora. E logo depois veio a boa surpresa.

- Aí fica o que chamo de efeito fabuloso: as pacientes não estavam mais tristes, nem deprimidas. De imediato, as duas senhoras, alegres, disseram que passaram a encarar a vida com novo ânimo.

Para Jaime Hallak, as sensações de alegria e bem-estar delas, que ocorreram rapidamente - equivalem ao resultado normalmente obtido com o eletrochoque - procedimento utilizado quando os demais não funcionam - mas depois de 5 a 6 sessões de aplicação.

- Nesse caso de uma dose única, cujo efeito perdura por quatro a cinco dias, é um dado importante. Como é um teste inicial, não demos as doses subseqüentes e elas voltaram ao tratamento convencional.

"Banho" de serotonina

O pesquisador afirma que a poção ayahuasca contém duas substâncias já conhecidas: uma delas é a dimetiltriptamina e a outra é a harmina.

- A harmina, por si só, já é um antidepressivo potente, mas leva de 15 a 20 dias para funcionar. Então o bem-estar imediato não é provocado por ela, mas pela dimetiltriptamina, que causa essas sensações.

Segundo o pesquisador, a substância "dá um banho" de neurotransmissor no cérebro - que é a serotonina - e o paciente tem aquelas visões e a sensação de bem estar.

- Os antidepressivos disponíveis atualmente aumentam a disponibilidade do neurotransmissor serotonina. Mas a dimetiltriptamina 'inunda" o cérebro de serotonina e provoca de forma muito mais acentuada o mesmo efeito dos antidepressivos. Depois vem rápido o bem-estar: esse é o grande achado.

O próximo passo é delicado: será preciso começar a ajustar a posologia, determinando a dose que deve ser dada, de modo a evitar muitas visões, mas garantindo a melhoria da depressão e mantendo sempre a sensação de bem-estar.

É preciso controle médico

A ayahuasca não tem contra-indicações, mas não deve ser usada fora do controle hospitalar e médico como antidepressivo. Pode ser contra-indicada se a pessoa já estiver tomando antidepressivos, por causa de efeitos colaterais.

Além disso, a substância harmina é inibidora de uma enzima que temos no organismo a MAO - monoamina oxidase. É a mesma substância encontrada em alguns antidepressivos, que exigem do paciente uma dieta especial. Nesse caso, para consumir a ayahuasca, o paciente precisa fazer uma dieta sem banana, presunto, queijo curado, entre outros alimentos que podem interagir negativamente com a substância.

Santo Daime

Hallak, médico formado na Universidade Federal de Uberaba - mas com carreira de pesquisador feita na USP, com pós-doutorado na Inglaterra, disse que não é praticante do Santo Daime. Mas depois de manter contato com os freqüentadores da igreja de Ribeirão Preto, o Centro Fluente Luz Universal Pedro Nunes Costa, conheceu histórias de pessoas que foram dependentes de álcool e drogas e que abandonaram naturalmente o hábito.

Dependência de drogas ou álcool está ligada a quadros depressivos. Daí veio a idéia de pesquisar a ayahuasca como antidepressivo, embora já existam estudos com outros grupos mostrando o abandono dessa dependência depois de entrar no Daime - lembra o especialista.

Paralelamente, o grupo de Ribeirão está fazendo parceria com um grupo do sul do país que estuda detalhes do mecanismo de atuação da ayahuasca em animais. Depois do término do estudo-piloto, com oito pacientes - todos voluntários- os resultados serão analisados. Para completar o grupo de 60 voluntários, será preciso localizar pacientes depressivos que não estão sendo beneficiados pelo tratamento atual e querem ajuda.

Alucinógeno

O Santo Daime, enquadrado como alucinógeno, não causa dependência. Mas o consumo é liberado pelo Ministério da Saúde apenas para uso religioso. Já o Ministério da Cultura, ainda na gestão Gilberto Gil, transformou o Santo Daime em patrimônio histórico nacional.

Jaime Cecílio Hallak observou que todas as pessoas que tomam ayahuasca - seja na igreja ou no laboratório - têm as mesmas visões simbólicas ligadas a questões da natureza, com imagens de espíritos e seres da floresta.

A pessoa não perde a consciência nem o controle e sabe que está tendo as visões.

Doença já é a quarta causa de incapacitação no mundo.

Em 2020 a depressão será a segunda causa de incapacitação no mundo, segundo previsão da Organização Mundial da Saúde.

Hoje é a quarta causa - lembra o psiquiatra Silvio Luiz Moraes, chefe da equipe da Enfermaria de Psiquiatria do HC de Ribeirão Preto.

Ele admite que tem ocorrido mais casos da doença e que aumentou o número dos pacientes refratários aos tratamentos convencionais.

Jaime Hallak acredita que os critérios em diagnóstico melhoraram muito. Mas também existem evidências de que está aumentando o número de casos de depressão, por questões psicológicas da sociedade moderna.

E comemora que diminuiu o preconceito.

Só da gente conversar sobre depressão para um jornal, mostra que as pessoas não têm mais vergonha de falar que vão a um psiquiatra. Hoje até parece que é status: eu vou lá no meu psiquiatra. Um dia estava conversando com um rapaz e ele falou: "tenho meus dois médicos, meu psiquiatra e meu terapeuta".

Múltiplas causas

As causas das doenças psiquiátricas são consideradas multicausais.

- A pessoa pode ter uma predisposição genética, mas não é suficiente para determinar que a pessoa ou o filho dela terá depressão. Mas aumenta a chance desse filho ter o problema em comparação com o filho de uma pessoa que não tem depressão. Mas só isso não é suficiente para explicar- disse.

Segundo o pesquisador, é preciso a ocorrência de eventos na vida da pessoa "que propiciem essa carga genética de se expressar. E essa expressão dessa carga genética, significa que você tem um desequilíbrio bioquímico".

Mas não é só ele: por isso, tratar depressão não é só dar remédio, diz o médico. "Acho imprescindível, além do tratamento medicamentoso ou biológico, fazer o acompanhamento psicoterápico."

Doença crônica

A depressão é uma doença crônica: antigamente se acreditava que ocorreriam apenas episódios.

Hoje em dia, pode ter gente que não concorda com essa visão, acredito que a depressão é recorrente. Quem teve um episódio, tem chance grande de ter um segundo episódio. Quem teve um segundo, quase certamente terá um terceiro; quem teve um terceiro, certamente terá um quarto episódio; cada episódio aumenta o risco: isso é biológico, não é psicológico. Por isso também não posso tratar depressão só com psicoterapia. Tem que tomar as medicações e fazer os tratamentos biológicos, afirmou o pesquisador Jaime Cecílio Hallak.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Participando de um Trabalho Espiritual da Barquinha

Sugestões para quem deseja participar dos Trabalhos Espirituais da Casa de Oração, Casa de São Rafael, Núcleo da Barquinha na cidade de São Paulo, ligado ao Centro Espirita Obras de Caridade Príncipe Espadarte, Barquinha da Madrinha Chica.

O Trabalho da Barquinha.

Todo trabalho demanda esforço. Por isso nossas cerimônias são assim denominadas.

Há momentos de êxtase, de júbilo, e momentos de “apuro”, ou seja, de limpeza e correção.

Esteja preparado: é preciso Fé e Amor, Silêncio e Calma; Humildade e Respeito.

Esta é uma casa de Caridade. Nossos trabalhos são gratuitos. Palavras de Frei Daniel: “Daime não se vende, Daime não se nega”. Doações são aceitas, mas, por favor, há uma caixinha para depositar as doações na entrada da Capela. Caso decida fazer uma doação, coloque-a diretamente nesta caixinha. Não há necessidade de avisar ninguém sobre isso.

A Barquinha é uma Tradição. Possui um ritual próprio, estruturado, e que deve ser Seguido, na medida do possível, enquanto se estiver dentro do Espaço do Templo. Isso inclui a proibição do consumo de outras substâncias, como rapé, cigarro e  Cannabis, mesmo depois dos trabalhos, enquanto você estiver no espaço onde aconteceu o ritual.

Por favor, caso você tenha o hábito de utilizar  Cannabis pedimos que evite fumar no dia em que vier comungar conosco do Santo Daime.

Importante: Concentre-se em si, cuide de si. Não interfira no Trabalho alheio, a menos que isso seja pedido por quem está dirigindo a sessão. Evite movimentos desnecessários e que possam incomodar os demais participantes. Mesmo sem tocá-los, todo excesso de gestos ou movimentação atrapalham a quem está ao seu redor.

Acalme seu corpo para que possa desfrutar do máximo de elevação espiritual possível.  Um corpo agitado é uma âncora que pode se tornar pesada demais.

A  Mesa é nosso  Ponto de Força. Deve-se evitar, ao máximo, apoiar-se nela. A todos é facultado sentar-se à Mesa. Se for fazê-lo, será pedido que sua participação no Ritual seja mais intensa, pois é a Mesa que conduz o Trabalho. Assim, cantar e rezar, ainda que seja recomendado a todos, é essencial a quem está na Mesa.  Ela é parte do Altar.

Se você estiver sentado na Mesa, não saia durante um hino (somente em casos urgentes) e espere até que a Oração que acompanha este hino tenha terminado. Se precisar sair, peça que outra pessoa sente no seu lugar: a Mesa deve estar, na medida do possível, sempre completa. Ao voltar, aguarde até que o hino e sua oração terminem para entrar na Capela novamente.

Procure utilizar roupas claras durante este ritual. Para os que forem sentar-se à mesa, o branco, ao menos na camisa, é obrigatório.

É recomendado que todos os participantes comunguem do Santo Daime, ainda que isso não seja obrigatório. Caso o tenha feito, sua saída do Templo só será permitida ao término dos Trabalhos. Esta norma é para sua própria segurança.

Há sempre um  lanche ao final do Trabalho. Na medida do possível, traga algo para ser compartilhado. Da mesma forma, ao final, se possível, auxilie na arrumação do Templo.

Caso você decida trazer um amigo ou amiga, você é livre para fazê-lo. Mas por favor, repasse este texto para ele ou ela. E avise antes ao dirigente dos trabalhos.

Que tenhamos todos um bom Trabalho, na Santa Paz de Deus, no Amor e na Alegria.  

quinta-feira, 13 de março de 2014

Curso de especialização em Ciências da Religião tem inscrições abertas

Manoel Pacífico, do IEFP, defende posturas mais pluralistas
(Foto: Angela Peres/Secom)
Com o objetivo de ampliar as discussões acerca do ensino religioso nas escolas, o Instituto Ecumênico do Acre, em parceria com a Faculdade Diocesana São José de Rio Branco (Fadisi) e apoio do governo do Acre por meio da Secretaria Estadual de Educação (SEE), abre vagas para o I Curso de Especialização em Ciências da Religião com início previsto para o dia 5 de abril.

O curso tem duração de 400 horas e 40 vagas disponíveis para professores da rede pública de ensino sem área específica. As inscrições devem ser feitas até o fim de março, na coordenação da Fadisi, localizada na Avenida Getúlio Vargas, 303, bairro Vila Ivonete. As aulas serão ministradas por professores de diversas tradições espirituais.

“A proposta do curso é ampliar a visão de conjunto e discutir posturas mais democráticas e pluralistas tanto no que diz respeito à área cultural como religiosa”, explicou o secretário-geral do Instituto, Manoel Pacífico.

A taxa de inscrição é de R$ 50,00 e a mensalidade de R$ 250,00. Os professores e membros do Instituto Ecumênico têm desconto de 20% dos valores.